Na Farmácia de Manipulação um dos processos executados com maior freqüência é a incorporação (aditivação) de ativos em “Bases Dermocosméticas” com o intuito de agilizar e reduzir o tempo necessário para a preparação de produtos magistrais/oficinais.
A utilização de “Bases Dermocosméticas” torna a manipulação mais conveniente e eficiente, permitindo a padronização das formulações na farmácia, facilitando a escolha correta do veículo/excipiente a ser utilizado para um determinado ativo.
A “Base Dermocosmética” pode ser constituída de uma única substância ou por um conjunto delas, sendo preparações destinadas à aplicação externa devendo ser compatíveis com a pele e seus anexos. A “Base Dermocosmética” poderá apresentar-se como uma solução, suspensão, produtos emulsionados, pomada ou pó. Assim poderemos ter “Bases Dermocosméticas” constituídas apenas de um único componente (ex.: Vaselina Sólida) até múltiplos componentes como nos cremes e emulsões. Desta forma as “Bases Dermocosméticas” poderão ser sólidas, semi-sólidas ou líquidas, variando desta forma como ocorrerá a incorporação (aditivação).
A escolha da base a utilizar depende de vários fatores como o local de aplicação, compatibilidade com os ativos, desordem cutânea e com a aceitação do paciente, entre outros.
Neste momento iremos nos preocupar somente com a compatibilidade com os ativos; desta forma o primeiro fator a observar é a natureza física do principio ativo. Se ele é sólido, líquido, semi-sólido, solúvel, dispersível ou insolúvel na base escolhida. O segundo fator é se existe a necessidade da adição de coadjuvantes técnicos para facilitar a incorporação (aditivação).
Resumidamente, a incorporação deverá levar em consideração a natureza física da base dermatológica e dos ativos e a necessidade da adição de coadjuvantes para facilitar a dispersão, a concentração e a estabilidade do principio ativo e da base.
Primeiro, analisamos a adição de ativos em bases dermocosméticas semi-sólidas.
Como exemplos de bases dermocosméticas semi-sólidas podemos citar as pomadas propriamente ditas, os géis, os cremes. Inicialmente devemos avaliar a compatibilidade e a solubilidade do ativo na base dermocosmética, assim sendo;
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Para Ativos Sólidos em Base Semi-sólida:
1. Quanto maior o grau de divisão de um sólido maior será a sua solubilidade;
2. Quando se tratar de ativo insolúvel ou parcialmente solúvel este deverá ser dividido o mais finamente possível em um almofariz para depois ser incorporado à base;
3. Se o ativo for facilmente solúvel, podemos, solubilizar inicialmente em um co-solvente apropriado, o qual poderá ser uma parte da base fundida (caso das pomadas), ou outro facilmente incorporável na base e após adicionar à base.
4. Se o ativo for solúvel e a quantidade de co-solvente para solubilizar for muito grande devemos escolher o que melhor se adapta a base e após, molhar com uma pequena quantidade, formando uma “pasta” para depois incorporá-lo a base.
5. Se o ativo for insolúvel este deverá ser finamente pulverizado e depois “molhado” com um agente molhante apropriado até formar uma pasta a qual depois é incorporada a base.
6. Na Prática:
a. Em um gral, adicionar o(s) pó(s) um a um, homogeneizando por trituração até a tenuidade desejada;
b. Molhar ou solubilizar os pó(s);
c. Adicionar q.s. da base (± 50%) e homogeneizar;
d. Adicionar o restante da base e homogeneizar (Obs: Incorporar a Base em Progressão Geométrica).
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Para Ativos Líquidos em Base Semi-sólida:
1. Se o ativo for facilmente solúvel, podemos incorporá-lo diretamente na base.
2. Se o ativo for insolúvel, adicionar um agente solubilizante (Tween® ou PEG 400, para bases hidrofílicas e Span®, para bases lipofílicas), na menor quantidade possível e após incorporar na base.
3. Na Prática:
a. Em um gral adicionar q.s da base (± 50%);
b. Incorporar o ativo líquido (puro ou com o agente solubilizante) um a um, homogeneizando a cada adição;
c. Adicionar o restante da base e homogeneizar (Obs: Incorporar a Base em Progressão Geométrica).
· Para Ativos Sólidos e Líquidos em Base Semi-sólida:
1. Fazer as análises tanto do sólido e do líquido antes da incorporação.
2. Na Prática:
a. Em um gral, adicionar o(s) pó(s) um a um, homogeneizando por trituração até a tenuidade desejada;
b. Molhar ou solubilizar os pó(s);
c. Adicionar q.s. da base (± 50%) e homogeneizar;
d. Incorporar o ativo líquido (puro ou com o agente solubilizante) um a um, homogeneizando a cada adição;
e. Adicionar o restante da base e homogeneizar (Obs: Incorporar a Base em Progressão Geométrica).
Em segundo, analisamos a adição de ativos em bases dermocosméticas e farmacêuticas Líquidas.
Como exemplos de bases dermocosméticas e farmacêuticas Líquidas podemos citar as soluções (Xaropes, Elixires, Alcoóleos, Hidróleos), Emulsões (Leite, Loções, Loções Cremosas) e as Suspensões (Orais e Tópicas).
Para Ativos Sólidos Solúveis em Base Líquida:
1. Quanto maior o grau de divisão de um sólido mais fácil será a sua solubilização;
2. Se o ativo for facilmente solúvel, podemos, solubilizar inicialmente em um co-solvente apropriado, o qual poderá ser uma parte da base ou outro facilmente incorporável na base e após adicioná-lo à base.
3. Na Prática:
a. Solubilizar os pós um a um com o co-solvente apropriado, no próprio cálice;
b. Adicionar q.s. da base até a metade da quantidade prescrita (± 50%) e homogeneizar;
c. Adicionar o restante da base e homogeneizar (Obs: Incorporar a Base em Progressão Geométrica).
d. Filtrar se necessário.
4. Se o ativo for facilmente solúvel, porém apresentar-se com baixa tenuidade, devemos em primeiro lugar, dividi-lo finamente em um gral, e após solubilizar em um co-solvente apropriado, o qual poderá ser uma parte da base ou outro facilmente incorporável na base e após adicioná-lo à base.
5. Na Prática:
a. Em um gral, adicionar o(s) pó(s) um a um, triturando até a tenuidade desejada;
b. Solubilizá-los como o co-solvente apropriado;
c. Transferir o conteúdo do gral para o cálice, ou recipiente apropriado, lavando por 3 vezes, com a base;
d. Adicionar q.s. da base até a quantidade da metade da quantidade prescrita (± 50%) e homogeneizar;
e. Adicionar o restante da base e homogeneizar (Obs: Incorporar a Base em Progressão Geométrica). Caso seja necessário Filtrar.
Para Ativos Sólidos insolúveis ou parcialmente solúveis em Base Líquida:
1. Se o ativo for insolúvel ou parcialmente solúvel, devemos em primeiro lugar, dividi-lo até a tenuidade desejada em um gral, após molhar com um agente molhante apropriado, o qual poderá ser uma parte da base ou outro facilmente incorporável na base e após adicioná-lo à base.
2. Na Prática:
a. Em um gral, adicionar o(s) pó(s) um a um, triturando até a tenuidade desejada;
b. Molhar com o agente molhante apropriado;
c. Transferir o conteúdo do gral para o cálice, ou recipiente apropriado, lavando por 3 vezes, com a base;
d. Adicionar a base até a metade da quantidade prescrita (± 50%) e homogeneizar;
e. Adicionar o restante da base e homogeneizar. (Incorporar a Base em Progressão Geométrica).
Para Ativos Líquidos em Base Líquida:
1. Se o ativo líquido, for facilmente miscível com a base, adicionar diretamente sobre parte da base, para facilitar a incorporação.
2. na Prática:
a. Em um recipiente apropriado (ex.: Cálice), adicionar a base até a metade da quantidade Prescrita (± 50%);
b. Adicionar os ativos líquidos, um a um, homogeneizando a cada adição;
c. Adicionar o restante da base para completar a quantidade prescrita e homogeneizar (Obs: Incorporar a Base em Progressão Geométrica).
d. Filtrar, caso seja necessário.
3. Se o ativo líquido, for imiscível com a base, adicionar um agente solubilizante (Tween® ou PEG 400, para bases hidrofílicas e Span®, para bases lipofílicas), na menor quantidade possível e após incorporar na base.
4. Na Prática:
a. Solubilizar o ativo líquido com o agente solubilizante escolhido;
b. Se a solubilização foi realizada no gral, transferir para o cálice, lavando 3 vezes com a própria base;
c. adicionar a base até a metade da quantidade Prescrita (± 50%) e homogeneizar;
d. Adicionar o restante da base para completar a quantidade prescrita e homogeneizar (Obs: Incorporar a Base em Progressão Geométrica).
e. Filtrar, caso seja necessário.
Para Ativos Sólidos Solúveis e Líquidos Miscíveis em Base Líquida:
1. Quanto maior o grau de divisão de um sólido mais fácil será a sua solubilização;
2. Se o ativo for facilmente solúvel, podemos, solubilizar inicialmente em um co-solvente apropriado, o qual poderá ser uma parte da base ou outro facilmente incorporável na base e após adicioná-lo à base.
3. Se o ativo líquido, for facilmente miscível com a base, adicionar diretamente sobre parte da base, para facilitar a incorporação.
4. Na Prática:
a. Solubilizar os pós um a um com o co-solvente apropriado, no próprio cálice
b. Adicionar q.s. da base até a quantidade da metade da quantidade prescrita (± 50%) e homogeneizar;
c. Adicionar os ativos líquidos miscíveis;
d. Adicionar o restante da base e homogeneizar (Obs: Incorporar a Base em Progressão Geométrica).
5. Se o ativo for facilmente solúvel, porém apresentar-se com baixa tenuidade, devemos em primeiro lugar, dividi-lo finamente em um gral, e após solubilizar em um co-solvente apropriado, o qual poderá ser uma parte da base ou outro facilmente incorporável na base e após adicioná-lo à base.
6. Na Prática:
a. Em um gral, adicionar o(s) pó(s) um a um, triturando até a tenuidade desejada;
b. Solubilizá-los como o co-solvente apropriado;
c. Transferir o conteúdo do gral para o cálice, ou recipiente apropriado, lavando por 3 vezes, com a base;
d. Adicionar q.s. da base até a quantidade da metade da quantidade prescrita (± 50%) e homogeneizar;
e. Adicionar os ativos líquidos miscíveis;
f. Adicionar o restante da base e homogeneizar (Obs: Incorporar a Base em Progressão Geométrica). Caso seja necessário Filtrar.
Para Ativos Sólidos insolúveis ou parcialmente solúveis e líquidos imiscíveis em Base Líquida:
1. Se o ativo for insolúvel ou parcialmente solúvel, devemos em primeiro lugar, dividi-lo até a tenuidade desejada em um gral, após molhar com um agente molhante apropriado, o qual poderá ser uma parte da base ou outro facilmente incorporável na base e após adicioná-lo à base.
2. Como ativo líquido é imiscível com a base, adicionar um agente solubilizante (Tween® ou PEG 400, para bases hidrofílicas e Span®, para bases lipofílicas), na menor quantidade possível e após incorporar na base.
3. Na Prática:
a. Solubilizar o ativo líquido com o agente solubilizante escolhido, no cálice ou se a solubilização foi realizada no gral, transferir para o cálice, lavando 3 vezes com a própria base;
b. Em outro gral, adicionar o(s) pó(s) um a um, triturando até a tenuidade desejada;
c. Molhar com o agente molhante apropriado (OBS.: caso o ativo líquido possa ser usado como agente molhante, utilizá-lo, já com o solubilizante incorporado);;
d. Transferir o conteúdo do gral para o cálice, ou recipiente apropriado, lavando por 3 vezes, com a base;
e. Adicionar a base até a metade da quantidade prescrita (± 50%) e homogeneizar;
f. Adicionar o restante da base e homogeneizar. (Incorporar a Base em Progressão Geométrica).
Considerações Importantes:
1) A adição de substâncias anfifílicas favorece a solubilização/dispersão de substâncias lipossolúveis em meio aquoso e de substâncias hidrofílicas em meio oleoso;
2) A escolha do veículo, deve estar fundamentada na concentração do ativo, solubilidade, pKa, cor, viscosidade, compatibilidade, da necessidade ou não de agentes suspensores, molhantes e emulsificantes e se for de uso oral, no sabor e na necessidade de edulcorantes e flavorizantes;
3) A técnica de diluição geométrica deve ser aplicada sempre que houver uma diferença entres os constituintes da fórmula, garantindo assim uma perfeita incorporação/homogeneização;
4) A velocidade de dissolução é incrementada com a agitação manual ou mecânica;
5) Adicionar os líquidos de alta viscosidade sobre os líquidos de baixa viscosidade, com agitação constante;
6) Ao dissolver sólidos em líquidos, quanto menor for o tamanho das partículas do sólido, mais rapidamente ocorrerá à dissolução;
7) As substâncias com caráter ácido pouco solúveis em água, têm sua solubilidade aumentada quando em pH básico, pela sua conversão em sal;
8) As substâncias com caráter básico (Bases fracas: Alcalóides e Bases nitrogenadas) normalmente pouco solúveis em água, têm sua solubilidade aumentada quando em pH ácido (Acidificação do meio) , pela sua conversão em sal;
9) Em bases líquidas viscosas a velocidade de dissolução é diminuída, desta forma, dissolver os sólidos em um líquido de menor viscosidade e só depois incorporá-lo a base;
10) Na aditivação de bases contendo tensoativos (Xampus, sabonetes líquidos, loções cremosas), a homogeneização deve ser lenta, evitando a assim a incorporação de ar (aeração) e a formação de espuma;
11) Não utilizar solventes voláteis quando molhar ativos sólidos, pois este poderá evaporar e carrear cristais dos ativos com ele;
12) O aquecimento, na maioria dos casos, aumenta a solubilidade dos ativos e a sua velocidade de dissolução;
13) O processo de filtração só poderá ser executado quando preparamos soluções verdadeiras, assim sendo, quando se tratar de dispersões coloidais, suspensões ou soluções saturadas esta técnica não se aplica;
14) Quando a base for um líquido de viscosidade elevada, dissolver os ativos sólidos em um líquido mais fluido, compatível com a base, antes de incorporá-lo à base;
15) Quando for incorporar ativos sólidos insolúveis, molhar (Levigar) o sólido, com a menor quantidade possível, com a base ou outro líquido compatível com ela;
16) Quando numa solução existirem concomitantemente álcool e água (Mistura hidroalcoólica), dissolver os sólidos nos solventes que apresentam maior solubilidade (ou álcool ou água) antes da incorporação dos dois solventes;
17) Quando se tratar de produtos tópicos, e o ativo for um sólido insolúvel, este deverá ser finamente pulverizado (impalpável) e após, molhado antes de incorporar na base;
18) Retirar o bastão ou qualquer material auxiliar de dentro da vidraria onde o produto está sendo preparado, quando for completar o volume.
Fonte/Imagem: Google